Lançaram este ano o segundo disco de estúdio, Born Under Saturn, e preparam-se para voltar a Portugal, depois do concerto estrondoso no Mexefest de 2012 e do Optimus Alive, em 2013. A caminho de Lisboa, o baterista e produtor David Maclean conversou connosco, para explicar as ligações com Saturno, a mudança para um som mais electrónico ou a promessa de outro concerto estrondoso. [Os Django Django tocam no NOS Alive, dia 9 à 1h40, no Palco Heineken]
De onde vem o título do álbum – Born Under Saturn?
O nome do disco vem de um livro que eu arranjei, que fala sobre o que faz o carácter e personalidade de um artista ou criador, enfim, das pessoas que nascem sob o signo de Saturno, que têm um certo temperamento. E portanto tem a ver com isso, em parte, mas também o que o título pode sugerir é a importância de Saturno na Astrologia e Astronomia, é um planeta bastante interessante no sistema solar, e até em termos científicos, há imensas coisas que não sabemos, sobre os padrões estranhos, os anéis, é um planeta icónico e foi algo que sempre me interessou. Também foi intrigante para mim porque eu não sabia sobre o que era o livro quando o encontrei, só vi “Born Under Saturn”. Pensei que seria sobre outra coisa qualquer, o que estas coisas significam para pessoas diferentes – cientistas, astrólogos, astronomos, historiadores – e as pessoas criam a sua própria agenda e as suas teorias sobre o nosso sistema solar, que poderes ele tem ou não. E acho que o título do disco deixa essa questão no ar e cabe às pessoas descobrir o que isso pode significar, e eu gostei disso.
Neste novo álbum a vossa música está mais electrónica. Foi propositado?
Não, isso vem naturalmente. Há uma música no disco anterior, a “Waveforms”, que já é um bocado electrónica, e muitas destas novas canções foram escritas nessa altura, portanto não são todas novas para nós. Como produtor tento deixar as músicas respirar, não faz sentido pôr uma guitarra numa música que não precisa de uma guitarra. Se uma canção é guiada pelo sintetizador, é deixá-la ser, não me preocupa muito que género fazemos ou que instrumentos usamos. Os instrumentos estão lá para ser usados quando é necessário, nós usamos qualquer combinação de instrumentos, há canções que começaram em sintetizadores, e assim ficaram.
Dizes que as músicas já vêm de trás. Este disco é então um segundo capítulo da mesma história?
Sim, é uma espécie de continuação, eles vão bem juntos. Este é mais estabelecido, talvez, não precisávamos de provar nada. É um disco que vai crescendo, é mais subtil, mais coeso, mas é definitivamente um seguimento do anterior.
E para um futuro disco, pretendem manter esta estética?
Talvez. Ou então não, pode ser mais pesado, podemos acabar por decidir não ter guitarras no estúdio, ou não ter sintetizadores e fazer tudo só com um piano e uma viola. Podemos fazer o que quisermos, acho que com estes dois discos criámos as bases e sentimos que podemos seguir uma carreira de discos completamente diferentes. Mas o trabalho essencial foi pôr estes dois discos cá fora e estabelecer as nossas bases.
Quando compuseram o novo disco pensaram na vertente ao vivo?
Embora pareça que tivemos imenso tempo, só tivemos 6 meses para imaginar e fazer este disco, porque estivemos em digressão durante 2 anos, portanto não tivemos muito tempo para estar em estúdio a tocar e a preocupar-nos como é que as coisas iam soar ao vivo, foi só chegar e fazer o disco que queríamos fazer. Acho que para o próximo álbum vamos dar-nos mais tempo para isso e fazer as coisas com a banda a tocar ao vivo em estúdio, mas desta vez foi só acabar algum trabalho inacabado do disco anterior, há várias músicas que queríamos pôr cá fora, que sobraram do disco anterior, quisemos fazer as coisas desta maneira, mas isso claro que nos dá muito mais trabalho para tocar o disco ao vivo, porque tivemos que aprender como o fazer.
E as novas músicas vão bem em palco?
Sim, sem dúvida. Está muito coeso, há partes do concerto que são muito dançáveis e electrónicas, outras são mais garage e rockabilly, estamos muito confortáveis nessa mistura, quase como um dj set, queremos manter o espectáculo fresco para o público, não estamos focados em tocar só um tipo de música. As novas músicas vão muito bem ao lado das velhas canções de Django Django, em palco. Nos concertos, deixamos cair as músicas acústicas, preferimos juntar todas as mais bombásticas. Estamos a preparar algumas surpresas para estas novas canções, mudámos algumas coisas para a versão ao vivo, para não ser só uma cópia do disco.
Portanto os vossos concertos continuam a ser uma festa?
Sim, muitas vezes aceleramos portanto as músicas são muito mais rápidas, com mais batida, há mais energia em palco. Quando tocamos ao vivo queremos fazer festa, nos discos queremos que as pessoas se sentem a ouvi-los, mas nos concertos queremos criar um ambiente mais festivo, divertido para o público.