Os Black Rebel Motorcycle Club, com o seu álbum homónimo, foram essenciais para que o rock sobrevivesse à viragem de século.
A fornada de 2001 não é, só por si, avassaladora em termos de discos lançados, mas a importância do ano é inquestionável para a revitalização do rock como género de música pertinente e escutado. À cabeça temos o evidente Is This It, mas outros houve que ajudaram no processo – é o caso deste disco, Black Rebel Motorcycle Club.
Fundada em 1998 por dois colegas de turma em São Francisco, a banda chamou-se originalmente The Elements, tendo posteriormente optado por mudar para o nome do gang motoqueiro do filme “The Wild One” (onde sobressai a personagem Johnny Strabler, interpretado por um tal de Marlon Brando).
Com uma sonoridade a correr numa via paralela à dos Strokes, neste álbum é possível ouvir desde Stooges até a uns Jesus & the Mary Chain, passando por Velvet Underground, Rolling Stones, T.Rex e, naturalmente, Brian Jonestown Massacre, de onde Peter Hayes saiu para formar os BRMC. E não é fácil esta tarefa de, partindo de influências bastante diversas, conseguir fabricar um álbum coeso e duradouro como é o caso. Parece que tudo encaixa bem, até quando passamos do punk de “Whatever Happened to My Rock n’Roll?” para a acalmia de “Awake”. Acalmia, mas só inicial, que depois a música cresce e transforma-se numa mescla (que bonita palavra) de psicadelismo e rock à boa moda dos já supracitados Velvet Underground. Também ocorre passarmos de músicas com letras mais introspectivas e obscuras como “Rifles” para músicas mais cheias de esperança como “Salvation”. Mas o auge do disco são mesmo os singles “Love Burns” e “Spread Your Love”, músicas portentosas, grandiloquentes, viscerais.
Não deixa de ser providencial pensar que o som desta banda é tipicamente britânico, mas na realidade é composta por dois americanos e um britânico exilado nos States. Assim se criou um marco na revolução que chegou em 2001 e abriu portas para toda uma onda nova de indie rock que se veio a alongar durante toda a década dos 00’s (noughties).
Fuck! Grande malha!