Os Royal Blood são um bom grupo de rock, e poucas dúvidas há nisso. Em palco, Portugal já os havia recebido um par de vezes – sempre com sucesso assinalável. No sábado passado, Lisboa acolheu a nova digressão europeia do duo de Brighton, num concerto intenso e feroz.
São dois, mas chegam: Mike Kerr canta e toca guitarras baixo e Ben Thatcher destila suor na bateria. Pontualmente, juntam-se duas vozes femininas, mas o corpo dos Royal Blood é Kerr e Thatcher, e na sua química reside o poderio e o fulgor rock que, no sábado passado, trouxe milhares de pessoas ao Campo Pequeno de Lisboa.
Foi pouco mais uma hora e um quarto de concerto, mas na verdade poucos aguentariam mais: a banda deu o litro desde o primeiro minuto, e o público respondeu com ‘mosh’ recorrente e devoção permanente ao duo de Brighton.
O alinhamento ajudou: logo no arranque foram disparadas faixas como “Lights Out”, “Come on Over” ou “I Only Lie When I Love You”, e logo aí ficam reconhecidas as maiores virtudes do grupo: não variando muito na fórmula e na ideia de canção, os Royal Blood usam essa coerência para formar um bloco sonoro muito forte e inquebrável.
Há por ora dois discos de valor e, a cada novo regresso a Portugal, a certeza de uma banda já dona de um estatuto de culto. Mike Kerr apercebeu-se disso e, com maior sinceridade ou em piloto automático, deixa sair que Portugal é um dos seus sítios preferidos para tocar. Queremos acreditar que há honestidade nisto, e os fãs portugueses dos Royal Blood merecem esse carinho.
O ‘encore’ trouxe mais duas pedradas – “Ten Tonne Skeleton” e “Out of the Black” – e a promessa de um novo regresso dos Royal Blood a solo luso. Venham quando quiserem.
Fotografias: Inês Silva