Ao som dos primeiros acordes acenderam-se as luzes sob um palco ainda vazio. Os Foals estrearam-se em nome próprio em Lisboa entrando à vez, como que para receber os aplausos e ovação de uma plateia que aguardava com impaciência o colectivo britânico.
Passavam dois minutos das 22h e os Foals não deram tréguas: “Prelude”, que inaugura o novo Holy Fire, abriu o concerto da melhor forma. O que se sucedeu a seguir foi uma hora e pouco de boa música, num concerto consistente, sem falhas do lado dos músicos, que, mesmo parecendo estar cada um no seu mundo reagiam bem à efusividade do público. A sala estava composta mas não cheia, com as bancadas praticamente vazias e espaço razoável na plateia para se dançar, e muito, ao som das 12 músicas escolhidas para o alinhamento e com jogo de luzes potente a condizer.
Os Foals visitaram os três álbuns que têm na bagagem logo no início do concerto. Depois de “Prelude”, passaram por “Total Life Forever”, do disco homónimo de 2010, seguindo-se “Olympic Airways”, do disco de estreia Antidotes. O colectivo não perdeu tempo em gastar logo o ‘single’ do novo disco: “My Number”, recebida por um público em delírio, foi o quarto tema do concerto, acompanhado de muitas palmas, saltos e braços no ar.
Depois da euforia de “My Number”, com “Blue Bood” os ritmos experimentais e meio psicadélicos trouxeram Yannis, vocalista e guitarrista, totalmente absorto na música que tocava, para o meio da plateia, de guitarra em riste. Mais à Frente, “Late Night” pode ser considerada a “balada” do concerto, com o público a sossegar mas a desdobrar-se em aplausos no final.
Já a mais de meio do alinhamento os Foals atacaram um dos temas mais aguardados “Spanish Sahara”, de Total Life Forever, elevou ao máximo o coro de vozes e palmas ainda estava Yannis a ser acompanhado apenas pelos acordes tranquilos da guitarra, evoluindo para o crescendo já conhecido. A música, contudo, não disparou da forma que seria de esperar num concerto, preferindo os Foals manter-se mais colados à versão do disco. Uma aposta segura mas que deixou um travo amargo num concerto repleto de bons momentos.
“Spanish Sahara” colou de imediato com “Red Socks Pugie”, a despedida antes do ‘encore’, enérgico e cheio de distorções, a contrastar bem com a semi-tranquilidade do tema anterior. Os Foals, contudo, não se fizeram esperar e demoraram menos de 5 minutos a voltar. Yannis, de cigarro na boca, ataca os primeiros acordes de “Inhaler”. A fechar, o regresso a Antidotes com “Two Steps,Twice”, cheio de energia, com um efeito de espelho da bola de luzes no tecto e com o público a entoar os coros, mesmo depois da banda sair do palco, e enquanto as luzes não se acendiam, a pedir o regresso.
Num concerto sem grandes surpresas os Foals cumpriram, e bem, o que se propuseram a fazer. Mas quem os viu no Optimus Alive, em 2011, num fim de tarde no palco secundário, esperava que o Yannis e o resto da banda se soltassem mais, aguardando a repetição dos momentos de desvario, em que praticamente tiveram de os obrigar a sair do palco por já terem esgotado o tempo previsto para o concerto. Yannis, aliás, atirou o microfone e saiu amuado. No Coliseu, essa irreverência ficou a meio.
Nota positiva para os Everything Everything, a banda de abertura.Tocaram apenas meia hora para uma plateia meio cheia mas foram consistentes, com o público a acompanhar bem os ‘singles’ já conhecidos da banda, dos dois discos de originais, como “Cough Cough” ou “Don’t try”.
(Fotos: Francisco Pereira)