É impossível ouvir Post Tropical sem ouvir Bon Iver ou James Blake. Mas desenganem-se os mais rigorosos e calculistas. Este disco não é uma cópia de nenhum dos dois projectos mencionados mas sim uma junção perfeita dos dois.
Do primeiro acorde ao último, do primeiro verso ao último, está lá tudo. O falsete, as harmonias vocais, o minimalismo instrumental. A melancolia está lá toda também, sempre agarrada a este trio de características que, em várias vozes, se tem mostrado um dos mais belos triângulos amorosos que a música alternativa ouviu nos últimos anos. Outros pequenos detalhes também se juntam à sinfonia indie folk e contribuem para a abrilhantar. São exemplos a guitarra slide que, subtilmente e à medida que o disco avança, dá o toque americano “à coisa” e as influências R&B, notórias logo na faixa-single “Cavalier”, que abre o álbum.
James Vincent McMorrow traça em notas musicais um retrato intimista, frágil e delicado dos seus sonhos, amores e desavenças, fazendo um corte nas vísceras e expondo tudo o que tem dentro. No que começa com uma lembrança do primeiro amor e na afirmação de que as coisas nunca têm um fim verdadeiro, o disco termina com o sentimento “pós-tropical” que dá o nome a todo o conjunto de invocações: que o sol já não aquece como outrora aquecia.
Com uma produção quase sem falhas e atenta aos mais pequenos detalhes, o cantautor dublinense de 30 anos apresenta-nos um trabalho extremamente bem consolidado que certamente irá figurar nos tops de 2014 e dar o mote para uma longa e triunfante digressão pela Europa e o Mundo, havendo já bastantes concertos esgotados. Promete.