No passado dia 25 de Maio, um polícia de Minneapolis matou George Floyd, asfixiando-o com o joelho durante 8 minutos enquanto a vítima repetia, aflita, que não conseguia respirar. A história, mais uma vez, repete-se: um homem negro, desarmado, sem oferecer qualquer perigo, foi morto às mãos da polícia, fazendo extravasar as tensões raciais através de uma vaga de motins.
O Altamont é uma revista online de música, sem grandes orientações ideológicas para lá do nosso amor doentio à música pop, mas há uma matriz humanista comum a todos nós, pelo que não podemos deixar de manifestar agora a nossa posição, sob pena de sermos coniventes com o nosso silêncio: repudiamos o infame crime contra George Floyd, estamos do lado da humanidade contra o racismo.
Vivemos tempos conturbados. No mundo, e também em Portugal, têm crescido os ódios que dividem, e a eles responderemos sempre com a fraternidade que nos une. A música é uma linguagem universal (o ritmo e a melodia não precisam de tradução), comovendo e congregando gentes com as origens mais diferentes. A melhor música sempre foi, aliás, a que resultou do confronto entre tradições, como é o caso do rock’n’roll, uma síntese, no fundo, entre o blues e o country. A melhor música sempre foi a mestiça: Elvis cantava como um bluesman negro, Chuck Berry cantava como um hillbilly branco.
Sempre escrevemos, e sempre o faremos, sobre música de todas as cores e tradições. Mas, nas próximas duas semanas, como forma de prestarmos a nossa solidariedade com o movimento “black lives matter”, daremos destaque a grandes discos da música negra americana, e ao impacto incalculável que tiveram sobre toda a música pop anglo-saxónica. Hoje somos George Floyd. E George Floyd mais não é que todos nós.