Big Wheel and Others é o sétimo disco de estúdio de Cass McCombs, o cantautor californiano que soma presenças nas listas de melhores álbuns do ano. Não é caso para exagero. McCombs é um dos mais brilhantes compositores de histórias da música alternativa norte-americana.
A história por detrás deste seu mais recente álbum vem acompanhar uma espécie de obsessão que o cantor tem com a mística nascida desde o berço da nação, da parte oeste dos Estados-Unidos. Uma parte de paisagens infinitas que outrora foram habitadas por caçadores de ouro e hoje estão transpiradas de estações de serviço solitárias, frequentadas por camionistas e viajantes à procura de se perderem. Não estamos a falar de sexo, drogas e Rock N’ Roll mas mais de armas, drogas e ouro.
É assim a introspeção que o próprio Cass McCombs descreveu à Pitchfork há uns tempos e que ouvindo estas 22 faixas faz bastante sentido. Se não posicionássemos a nossa imaginação neste contexto provavelmente iríamos lá dar na mesma. E começa com uma introdução. Na primeira faixa ouve-se uma voz de uma criança, de seu nome Sean. Um miúdo de 4 anos que calhou nascer numa comunidade de hippies e que nos fala na sua linguagem própria da experiência com drogas. Não é aquilo que chamamos de um começo ideal. Convenhamos, não é de todo ideal perceber que uma criança tem contacto com drogas em tão tenra idade. Mas percebe-se que é o contexto que Cass McCombs quer criar: é aqui que estamos, é daqui que vamos partir. E começa então essa banda sonora.
Mais à frente a voz de Sean contextualiza-nos novamente. Seguimos por uma “(A)’mérica” do tamanho de meio mundo e que tem (re)início em “Home on the Range” e que é logo seguida por uma das melhores canções do álbum. “Brighter” tem a curiosidade de ser cantada por Karen Black, actriz que desapareceu com a idade de 74 anos, em Agosto passado, e que entrou em filmes como “Easy Rider” ou “The Great Gatsby” de 1974.
O disco não acaba sem uma última intervenção de Sean que antecede as 3 derradeiras canções. Está aqui um excelente sucessor de Humor Risk. Para artistas como McCombs não há nada a provar a ninguém.