Sempre gostei deste nome: Delorean. Bonito para se dizer e para se ouvir. É o nome do carro do filme “Regresso ao Futuro” (1985), e foi o escolhido por quatro amigos de Zarautz (País Basco, Espanha) para um projecto de música electrónica, corria a viragem de século, ano 2000. Apropriado, portanto. Música “p’ra frentex”, é o que se quer, e neles se encontra. Entretanto montaram sede em Barcelona, cidade com outra luz e cheiro, cosmopolita e inspiradora, distante dos ares frios do norte; uma viagem normal para as bandas que crescem.
Se a memória não me falha, conheci-os através de uma das suas remisturas. São muito requisitados no mundo do “baralha e volta a dar” em que produtores, Dj e bandas se movimentam, geralmente com resultados mais interessantes que as composições originais. As “Delorean remixes” são, por isso, uma excelente porta de entrada para a música deste quarteto. Está lá tudo, o talento e habilidade que depois se encontra nos álbuns em nome próprio.
O último (o 4º LP de originais) chama-se Apar, que em basco significa “espuma”, e marca o regresso da banda três anos depois de Subiza, até à data o disco que consagrou a banda no mundo da música electrónica – ou talvez dizer assim seja exagero, antes “na indie pop/dance”, para não ferir os puristas. Apar é um disco que segue a linha do anterior, embora se note mais macio, mais orgânico, com as melodias mais cuidadas. Para isso foram decisivas as participações vocais de Cameron Mesirow (aka Glasser) e da vocalista dos Chairlift, Caroline Polachek, a dar cor ao registo vocal algo monótono do basco Ekhi Lopetegi.
Apar dos Delorean resultou num disco muito bem alinhado, que vale pelo seu conjunto. Não sendo um álbum excepcional, é para mim um momento muito interessante neste ano que caminha para o fim. Um daqueles discos feitos para dançar, de dentro para fora, ainda que nem sempre se perceba muito bem porquê. Ou apenas para relaxar, tal como um bom banho de espuma.